Jornalista: Sergio Lamucci
08/06/2015 - A
empresa farmacêutica Hospira deve comercializar no Brasil, ainda neste ano, o
Remsima, um medicamento biossimilar indicado para doenças como artrite
reumatóide, psoríase e enfermidades inflamatórias intestinais. No nicho de
remédios biológicos em que o Remsima vai entrar, os gastos anuais estão na casa
de R$ 1,3 bilhão. Os biossimilares costumam ser mais baratos do que os
medicamentos biológicos de referência.
A presença de biossimilares no mercado brasileiro deverá aumentar o acesso a
produtos biológicos e reduzir as despesas com saúde, diz Richard Davies,
vice-presidente-sênior e diretor comercial da Hospira. Os medicamento
biológicos, derivados da biotecnologia, "são fabricados por biossíntese em
células vivas", sendo a principal fonte de inovação da indústria
farmacêutica, segundo informações da Interfarma, a associação do setor.
O Remsima é o primeiro remédio biológico aprovado pela Agência de Vigilância
Sanitária (Anvisa) baseado em estudos de comparabilidade, diz Eduardo dos
Santos, vice-presidente comercial para a América Latina da Hospira. A
biossimilaridade deve ser comprovada por comparação direta com a droga de
referência - o Remicade (infliximab), no caso - num estudo clínico único que
use os mesmos procedimentos, por uma resolução da Anvisa de 2010, a RDC
55-2010.
O biossimilar é um remédio altamente semelhante ao medicamento disponível no
mercado, afirma Sérgio Teixeira, diretor de assuntos médicos da Hospira para a
América Latina. "Para que ele seja considerado biossimilar, as eventuais
diferenças não podem ter repercussão do ponto de vista de segurança, eficácia e
potência desses produtos", explica ele.
Segundo Santos, os gastos no Brasil com os medicamentos com os quais o Remsima
vai concorrer totalizam R$ 1,3 bilhão por ano, dos quais cerca de R$ 1,2 bilhão
são despesas do setor público. Entre os dois maiores gastos com medicamentos no
mundo, oito são com produtos biológicos, exemplifica Teixeira, citando números
de 2010.
Santos afirma que, em alguns países da Europa, os biossimilares custam de 10% a
40% a menos do que os medicamentos de referência. A diferença varia muito
conforme o país, dependendo de questões como o número de concorrentes e a
demanda, diz ele.
A expectativa de Santos é que o produto começará a ser comercializado no Brasil
no fim do ano, possivelmente no quarto trimestre. A aprovação do preço deve
ocorrer nos próximos meses, segundo ele. Davies diz que a Hospira espera
oferecer no Brasil opções de tratamento mais acessíveis, eficazes e de alta
qualidade, "que também ajudem a aliviar alguns dos gastos crescentes do
país com saúde".
O Remsima foi desenvolvido por uma empresa coreana chamada Celltrion, com quem
a Hospira tem um acordo de cooperação de negócios desde 2009. Uma das líderes
globais em produtos biossimilares, a Hospira vende remédios biossimilares em 26
países europeus e no Canadá. No ano passado, a receita líquida da companhia foi
de US$ 4,5 bilhões.
Em fevereiro, foi anunciado um acordo para que a Pfizer compre a Hospira, numa
operação que deve chegar a US$ 17 bilhões. A transação, porém, ainda não foi
concluída, e as companhias continuam a operar de modo independente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário