Laboratório Libbs deixa projeto que criou a Orygen
Por Mônica Scaramuzzo | De São Paulo
A farmacêutica nacional Libbs decidiu sair da Orygen Biotecnologia, superfarmacêutica criada com o apoio do governo federal para produzir medicamentos biológicos e biossimilares. A decisão foi tomada no fim do ano passado. Os outros laboratórios - Eurofarma, Cristália e Biolab - vão manter a sociedade e levar o projeto adiante, segundo fontes ouvidas pelo Valor.
A empresa foi criada no ano passado para produzir, inicialmente, sete medicamentos considerados estratégicos para o governo nas áreas de oncologia e artrite reumatoide. O pacote de remédios biológicos importados custa cerca de US$ 3,5 bilhões por ano aos cofres públicos
O Valor apurou que houve incompatibilidade de gestão entre a Libbs e os demais sócios. Das quatro farmacêuticas, a Libbs, cujo faturamento gira em torno de R$ 600 milhões, é mais avessa a parcerias. A decisão de sair da joint venture partiu da própria Libbs e não houve desentendimento entre as partes, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
A Orygen pretende investir aproximadamente R$ 500 milhões para construir uma fábrica e iniciar a produção de medicamentos. A unidade será instalada na região de Campinas (SP). A expectativa é que os primeiros biossimilares produzidos cheguem ao mercado em três anos.
As empresas já tinham feito um pequeno aporte para começar o negócio, mas esses valores serão reembolsados e os três sócios farão um rearranjo societário. Procurada, a recém-criada superfarmacêutica confirmou a informação. "A Orygen Biotecnologia e a Libbs Farmacêutica informam a saída do laboratório da joint venture formada por Biolab, Cristália e Eurofarma. As empresas acionistas passam a deter 33,33% de participação cada. A decisão foi tomada de comum acordo entre as partes."
A nova empresa vai manter o projeto original de desenvolver os medicamentos complexos e não deverá procurar um novo sócio, de acordo com as mesmas fontes, que também negam que esse projeto poderá ser desfeito.
Desde outubro do ano passado, o bioquímico inglês Andrew Simpson está à frente da nova companhia. Simpson, com sólida carreira acadêmica, deixou o renomado Instituto Ludwig de Pesquisa de Câncer, nos Estados Unidos, para coordenar a superfarmacêutica nacional.
Além da Orygen, o governo federal também deu apoio para a Bionovis, joint venture formada entre os laboratórios Aché, União Química, Hypermarcas e EMS. Essa empresa, presidida por Odnir Finotti, ex-presidente da ProGenéricos, associação que reúne os laboratórios de medicamentos genéricos, foi criada no primeiro semestre do ano passado. A companhia ainda estuda onde irá erguer sua fábrica. Os Estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro estão no páreo.
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