Jornalista: Indefinido
04/09/2014 - Um laboratório francês anunciou ontem aquela que pode vir a ser a primeira vacina contra a dengue já lançada. Um estudo de eficácia de fase 3, última antes da submissão às autoridades de saúde, alcançou “com sucesso” seu objetivo clínico, imunizando cerca de 60% dos pacientes que a receberam, disse a Sanofi Pasteur.
Os quatro sorotipos do vírus foram testados. Além disso, os resultados indicaram uma redução de 80,3% no risco de hospitalização pela doença e um “comprovado” atenuamento da variante mais perigosa, a hemorrágica. Um total de 20.875 crianças e adolescentes de 9 a 16 anos de países latinoamericanos como Brasil, Colômbia, México, Honduras e Porto Rico esteve envolvido no estudo.
O laboratório agora submeterá os resultados às autoridades de saúde dos países mais afetados, e espera-se que a vacina já comece a chegar aos mercados no próximo ano. No Brasil, a expectativa é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a examine até o final de 2015.
— Pela primeira vez, após 20 anos de pesquisa, a dengue está prestes a se tornar uma doença evitável com vacinação — afirmou Olivier Charmeil, presidente da Sanofi Pasteur.
Das mais de 20 mil crianças participantes, parte recebeu injeções da vacina, e parte, um placebo, com intervalos de seis meses entre as aplicações. O período de testes se estendeu de junho de 2011 a abril de 2013. Só no Brasil, cerca de 3.500 jovens foram escolhidos em cinco cidades com altos índices da doença: Fortaleza, Goiânia, Campo Grande, Natal e Vitória.
As análises mostraram taxas de notificações semelhantes entre os grupos que receberam a vacina e os grupos de controle.
A diferença foi que, entre os efetivamente imunizados, a prevalência de desenvolvimento da doença foi muito menor.
— Estes novos resultados positivos de fase 3 da América Latina são muito encorajadores, porque estão consistentes com os resultados apresentados em julho, no ensaio clínico de fase 3 asiática. Juntos, os resultados sugerem que, pela primeira vez, uma vacina pode ajudar a controlar a dengue — comentou Duane Gubler, professor e fundador do Programa de Pesquisa em Doenças Infecciosas Emergentes, da Escola Médica de Gradução DukeNUS, em Cingapura.
No Brasil, a presidente da Comissão Técnica para Revisão de Calendário e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, também comemorou o resultado: — Para um país como o nosso, onde a dengue é um grande problema, essa foi uma ótima notícia.
Segundo Isabella Ballalai, a comissão tem um grupo de 30 especialistas em imunizações que discutirá as melhores estratégias para o emprego da novidade.
— Provavelmente, uma vez implantada, partiremos do princípio de que todos devem se vacinar — disse.
ESTUDOS TAMBÉM NO BRASIL
Pesquisas brasileiras também tentam descobrir uma vacina. Uma parceria entre o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (BioManguinhos/Fiocruz) e o laboratório GlaxoSmithKline (GSK) está na fase pré-clínica, na qual estão sendo avaliadas a segurança e a imunogenicidade em macacos.
Em São Paulo, o Instituto Butantan já vem testando uma variedade em humanos.
Estima-se que, por ano, cerca de 500 mil pessoas tenham dengue grave com necessidade de internação hospitalar no mundo.
Entre 2003 e 2013, os casos notificados nas Américas aumentaram mais de quatro vezes, de 517.617 para 2,3 milhões.
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