US$100 bi de pesquisas médicas são jogados fora, diz pesquisador A maioria dos gastos mundiais em pesquisa médica está sendo jogada fora. A afirmação contundente é do Dr. Paul Glasziou, professor de medicina na Universidade Bond (Austrália).
"O desperdício parece ruim, mas a realidade é ainda pior," escreve Glasziou, em um artigo publicado na revista PLOS Medicine. "A estimativa de que 85% das pesquisas são jogadas fora se refere apenas às atividades antes do ponto de publicação," esclarece ele.
Depois disso, outras barreiras transformam mais pesquisas em "lixo".
Ciência aberta
Apesar de todo o esforço e atenção dados ao financiamento das pesquisas médicas, através do governo e de agências filantrópicas, os modelos de publicação que restringem o acesso aos resultados das pesquisas significa que o lucro vem em detrimento da saúde humana, argumenta Glasziou.
Os sistemas que incentivam pesquisas ruins e má comunicação dos resultados das investigações podem parecer assuntos árduos, mas os resíduos que eles causam cobram seu custo em vidas.
Segundo o pesquisador, as instituições de financiamento devem se assegurar de que os trabalhos que elas financiam e endossam sejam publicados em formato de acesso livre, tornando os resultados muito mais eficazes.
Glasziou há tempos vem analisando como as revistas científicas de acesso aberto podem ajudar a moderar e reduzir o grande desperdício global nas pesquisas médicas. Agora, em seu novo artigo, ele descreve o quanto a situação atual está ruim e sugere como ela pode ser melhorada.
Periódicos acadêmicos baseados em assinaturas rendem dinheiro através de direitos autorais cedidos pelos pesquisadores para os editores das revistas, que trancam os artigos atrás de assinaturas anuais caríssimas. Quase ninguém os lê, impedindo o uso das pesquisas de boa qualidade e escondendo as pesquisas ruins do escrutínio necessário.
Já as revistas científicas de acesso aberto normalmente cobram uma taxa de publicação e, em seguida, tornam os artigos imediatamente disponíveis para todos, o que ajuda na disseminação do conhecimento e melhora sua qualidade.
Similar à corrupção
Para obter um retorno integral dos investimentos em pesquisa médica," diz Glasziou, "é preciso reduzir tanto os custos anuais de US$ 100 bilhões de pré-publicação (produção da pesquisa) quanto os custos não quantificados de pós-publicação (divulgação da pesquisa). Se mais de uma centena de bilhões de dólares de pesquisas médicas estivessem sendo desperdiçados por corrupção, o clamor público e político seria esmagador. Que recursos dessa magnitude estejam sendo desperdiçados por incompetência e falta de atenção é algo que deve ser visto como um escândalo similar. Sistemas de pesquisa e disseminação mal projetados e mal pensados subtraem maciçamente recursos da saúde humana global," conclui ele.
Fonte: Portal Diário da Saúde |
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